Brasil: Operação Mafiusi Foca em Lavagem de Dinheiro e Envolve Nomes Conhecidos
Após desmantelar uma rede de tráfico de drogas internacional ligada ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e à máfia italiana, a Operação Mafiusi agora concentra seus esforços em possíveis operações de lavagem de dinheiro. A Polícia Federal (PF), com base em informações de um delator, rastreou movimentações financeiras suspeitas.
Entre as transações financeiras monitoradas, de alto valor e realizadas por meio de contas de empresas ligadas ao crime organizado, surgiram os nomes de Gusttavo Lima, pastor Valdemiro Santiago e Adilson Oliveira Coutinho Filho. De acordo com relatórios da PF, essas personalidades teriam feito transações com suspeitos de integrar um “sistema financeiro paralelo”. Embora não estejam indiciados, eles serão chamados a depor.
Gusttavo Lima e a Política
Gusttavo Lima é cotado como possível candidato a vice em uma chapa encabeçada pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que se lançará como pré-candidato à Presidência em 2026. O evento de lançamento ocorrerá em Salvador (BA), com a presença do cantor sertanejo.
Procurado, Gusttavo Lima negou qualquer irregularidade, afirmando que a transação investigada refere-se à compra legítima de uma aeronave. Valdemiro Santiago e Adilson Filho, o “Adilsinho”, não responderam à reportagem.
O “Concierge do PCC” e as Investigações
Willian Barile Agati, conhecido como o “concierge do PCC”, é acusado de gerenciar as transações financeiras milionárias da facção. Preso desde janeiro, seu advogado, Eduardo Maurício, defende sua inocência, destacando seu histórico como um empresário ético.
A Operação Mafiusi está sob a jurisdição da 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba, famosa pela Operação Lava Jato. Assim como a Lava Jato, a Mafiusi se beneficiou de informações fornecidas por um delator, Marco José de Oliveira.
Relatório da Polícia Federal
No relatório mais recente à Justiça, o delegado Eduardo Verza, do Grupo de Especial de Investigações Sensíveis (Gise), relatou a existência de uma organização criminosa com ramificações nacionais e internacionais. Segundo Verza, o grupo usa técnicas sofisticadas para ocultar a origem ilícita dos recursos.
As empresas ligadas a Agati operam em diversas cidades, com atividades que variam desde o comércio varejista até serviços administrativos. A PF identificou que as empresas Starway Locação de Veículos e Starway Multimarcas movimentaram R$ 454,3 milhões entre 2020 e 2023, levantando suspeitas de serem de fachada.
Durante a investigação, o nome de Maribel Golin, representante de várias empresas, inclusive a Aeroplan Aviação Ltda., apareceu. Ela afirmou que as transações financeiras têm origem na venda de imóveis e aeronaves, destacando sua relação próxima com Agati, o que, para a PF, sugere uma clássica lavagem de dinheiro.
Transações Milionárias
O relatório de Verza analisou as transações financeiras das 35 maiores entidades ligadas a Maribel. Entre elas, destaca-se a Balada Eventos e Produções Ltda., que transferiu R$ 57,5 milhões para a JBT Empreendimentos. Não foram encontradas evidências de documentos que justificassem essas transações.
Através da delação de Marco José de Oliveira, foi revelado que um parente de Maribel “esquenta” dinheiro na igreja de Valdemiro. As transações mencionadas chegaram a R$ 24.656.085,94.
A Adiloc Comercial Distribuidora, ligada a Adilsinho, também está na lista, com R$ 9 milhões transferidos. A atividade principal registrada é “serviços combinados de escritório e apoio administrativo”.
Declarações de Defesa
A Balada Eventos esclareceu que adquiriu uma aeronave de forma legal, com registro na Anac. Negou qualquer relação com Willian Agati e afirmou que o endereço compartilhado é um prédio comercial com várias empresas.
Carlos Alberto Pires, advogado de Maribel Golin, reafirmou que a empresária não possui relação próxima com Agati e que a Justiça já reconheceu a licitude dos negócios da JBT.
Os outros citados não comentaram o caso.
