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Condições climáticas e demanda crescente podem sustentar alta dos preços do café

Brasil – Perspectivas para o Preço do Café nas Próximas Semanas

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), o preço do café deve continuar sua escalada nas próximas semanas, pelo menos até a colheita da safra deste ano, prevista para começar entre abril e maio. Uma das principais razões para o aumento dos preços é a influência dos eventos climáticos na produção do grão. Além disso, o crescimento do consumo global, impulsionado pela entrada da China como um novo mercado consumidor, também desempenha um papel importante.

Conforme a Abic, esse impacto nos preços deve persistir por cerca de dois a três meses. Em seguida, espera-se um período de estabilização dos valores. Contudo, uma redução significativa nos preços só é esperada a partir da próxima safra, conforme estimativas da associação.

Impacto Global e Produção

Desde novembro do ano passado, os preços do café têm apresentado uma tendência de alta, não apenas no Brasil, que é o maior exportador mundial de café, responsável por quase 40% da produção global, mas também em outros países produtores, como Vietnã e Colômbia.

Produção Afetada por Condições Climáticas

Em 2020, a safra brasileira foi recordista, mas os anos seguintes não foram favoráveis à lavoura devido às condições climáticas adversas. Em 2021, uma geada afetou cerca de 20% da safra de arábica. No ano seguinte, a recuperação não foi possível, conforme explicou a Abic, devido ao tempo necessário para a recuperação da lavoura.

Em 2023, os efeitos do El Niño trouxeram uma longa estiagem e temperaturas elevadas. No ano anterior, o fenômeno climático La Niña gerou chuvas prolongadas, o que foi prejudicial para a produção.

“Esse acúmulo de quatro anos de problemas climáticos e o crescimento da demanda global explicam a escalada dos preços do café,” destacou o presidente da Abic, Pavel Cardoso.

Desafios para Produtores e Consumidores

Devido aos desafios climáticos, os produtores foram forçados a aumentar os investimentos na produção, o que elevou o custo da matéria-prima. A indústria de café, segundo a Abic, sofreu aumentos de mais de 200% e repassou cerca de 38% desse custo ao consumidor.

Esses fatores combinados contribuíram para a alta dos preços nas bolsas internacionais, afetando o bolso do consumidor. Na Bolsa de Nova York, os contratos de café arábica atingem valores históricos, chegando a US$ 3,97 a libra-peso.

“Essa escalada em algum momento vai parar, mas não se sabe quando,” afirmou Cardoso.

Estimativas Futuras e Expectativas

A Abic espera que a safra deste ano, que começa a ser colhida em abril, traga estabilidade aos preços. Há também grandes expectativas para a safra do próximo ano, que pode superar o recorde de 2020, aumentando a oferta e reduzindo os preços.

“Com relação ao consumidor, teremos algum aumento adicional,” explicou Cardoso, destacando que parte desse aumento já foi transferido para o consumidor.

Consumo e Dados do Setor

O consumo de café no Brasil cresceu 1,11% entre novembro de 2023 e outubro de 2024, conforme dados da Abic. O Brasil é o segundo maior consumidor mundial de café, tendo consumido 21,916 milhões de sacas em 2024, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.

O faturamento da indústria de café torrado no mercado interno atingiu R$ 36,82 bilhões, um aumento de 60,85% em relação a 2023, devido ao aumento dos preços nas prateleiras. No mercado externo, o faturamento foi de R$ 134 milhões.

Os cafés especiais registraram um aumento de 9,80% em 2024. A categoria de cafés Gourmets aumentou 16,17%; os cafés Superiores, 34,38%; e os cafés Tradicionais e Extrafortes, 39,36%. Os cafés em cápsula também tiveram um aumento de preço de 2,07%.

Nos últimos quatro anos, a matéria-prima subiu 224%, enquanto o café no varejo aumentou 110%. No último ano, o preço do café torrado e moído variou 37,4%, mais que a média da cesta básica, que foi de 2,7%.

Fonte: https://cm7brasil.com/noticias/polo-industrial-de-manaus/clima-e-aumento-do-consumo-devem-manter-preco-do-cafe-em-alta/