Na quarta-feira (4), a juíza Andréa Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife, expressou discordância sobre o pedido de arquivamento parcial da Operação Integration. Esta operação investiga alegações de lavagem de dinheiro envolvendo o cantor Gusttavo Lima e empresas do setor de apostas esportivas. A juíza determinou que o inquérito fosse enviado ao procurador-geral de Justiça de Pernambuco, Marcos Antônio Matos de Carvalho, para uma nova análise. Segundo o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), caberá agora ao Ministério Público de Pernambuco fornecer novos esclarecimentos.
Gusttavo Lima, que foi indiciado pela Polícia Civil de Pernambuco em setembro, é investigado por transações relacionadas à venda de uma aeronave Cessna Aircraft 560XLS. A polícia afirma que ele inicialmente negociou a aeronave com a empresa HSF Entretenimento e Promoção de Eventos, vinculada à Esportes da Sorte, e depois a vendeu para o proprietário da VaideBet, uma casa de apostas sediada em Campina Grande.
Embora o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) tenha afirmado que o cantor não ocultou valores nas negociações, a juíza Andréa Calado considerou suficientes os indícios apresentados para prosseguir com as investigações. Entre os pontos levantados pela juíza está a aquisição de 25% da VaideBet por Gusttavo Lima e a conexão da empresa com atividades supostamente ilegais.
“O fato de o investigado Nivaldo Batista Lima (nome do cantor Gusttavo Lima) adquirir 25% da empresa VaideBet, conhecida pela ligação com casas de apostas ilegais, agrava ainda mais sua situação. Tais elementos indicam fortemente a continuidade da prática de lavagem de dinheiro, o que torna imperativo o prosseguimento das investigações, em detrimento do pedido de arquivamento”, destacou a magistrada no despacho assinado nesta quarta-feira (4).
A Operação Integration também investiga outros suspeitos de lavagem de dinheiro por meio de apostas on-line. A influenciadora Deolane Bezerra, por exemplo, foi presa em setembro no contexto da investigação. O MPPE havia solicitado o arquivamento parcial da investigação sobre apostas esportivas, argumentando que a recente regulamentação do setor afastaria a tipificação de crime de lavagem de dinheiro. Contudo, a Justiça julgou que os fatos necessitam de uma análise mais aprofundada, especialmente devido à complexidade das transações e à conexão entre os envolvidos.
Procurada pela CNN, a defesa dos sócios da VaideBet, José André e Aislla Rocha, comentou o caso:
“Na quarta-feira (4), o Tribunal de Justiça de Pernambuco julgou o habeas corpus a José André da Rocha Neto e Aislla Sabrina Rocha e revogou todas as medidas cautelares antes imputadas já reconhecendo e considerando o pedido de arquivamento pelo Ministério Público, uma vez que não há qualquer indício de crime. A decisão da juíza Andrea Calado da Cruz vai na contramão do entendimento pelo arquivamento não só de um promotor de Justiça, mas de seis promotores do GAECO que acompanham o caso. O processo agora será encaminhado à Procuradoria Geral da Justiça, que decidirá pela ratificação do entendimento do Ministério Público ou designação de novo promotor”.
A equipe do cantor Gusttavo Lima também foi contatada pela CNN. Veja a nota na íntegra:
“A assessoria jurídica do cantor esclarece que, conforme a decisão judicial mais recente, o pedido de arquivamento ainda não foi apreciado de forma definitiva. A juíza Andréa Calado da Cruz devolveu o processo ao Ministério Público e, até o momento, não houve uma decisão final. A defesa destaca que o processo continua em andamento e permanece confiante de que a inocência do artista será devidamente comprovada”.
